Procuro-me


Procuro-me nos espelhos que me olham
Nos pingos de chuva que me molham
No olhar que procura o meu
Num rosto que já não sou eu
Procuro-me nos poemas que escrevo
Nos que deixo por escrever
Procuro-me nas folhas de um trevo
Procuro-me sem querer
Procuro-me no teu encanto
Procuro-me e não me encontro
Procuro-me em vilas e cidades desertas
Em casas de portas abertas
Em castelos sem janelas
Procuro-me em ruas e em ruelas
Nos escombros de tristes ruínas
Nas abandonadas velhas minas
Procuro-me por todo o lado
Com olhar louco e amargurado
Por não me encontrar
Já procuro por procurar
Procuro-me nos espelhos que me olham
No olhar que procura o meu
Procuro-me nos meus olhos que choram
Nas lágrimas que secaram
Num rosto que já não sou eu
No sorriso que já não é meu
Procuro por mim em qualquer lugar
Procuro-me sem me encontrar
Já procuro só por procurar

S.V

1 comentários:

Pensamentos de uma borboleta errante! disse...

Procuro-me no meio da loucura

Das paredes brancas de cal

No sobressalto incessante

De ser, estar e existir...

Sinto-me a vasculhar

A minha alma rosácea

E encontro as raízes

Do meu ser,

No grito ininterrupto

Do meu sentir

Sem método

Sinto-me emergir

De mim própria

E o corpo abandonado

Sai do lodo

Que se transforma

Em água

E ao longe o mar

Entrecortado pela montanha

Em forma de cotovelo

Que deixa passar

Os últimos raios de sol...

E de novo me procuro

E me encontro...


DairHilail